Abstract |
A violência no Brasil é reconhecidamente um dos maiores problemas atualmente enfrentados pela sociedade. Entre as conseqüências daí originadas, a perda de vidas humanas representa custos substanciais. Cada vítima fatal da violência, do ponto de vista econômico, representa enorme perda de investimentos em capital humano e, portanto, de capacidade produtiva. Qual é o custo social dessas mortes violentas no Brasil? Analisando as pesquisas existentes não encontramos resposta a essa pergunta, que é justamente o foco de nosso trabalho. Neste artigo, apresentamos uma metodologia para estimar a perda de capital humano devido a mortes violentas no Brasil, a partir da base de dados de renda dos trabalhadores do IBGE e da base de dados de óbitos do Ministério da Saúde. Para combinar informações dessas duas bases de dados, inicialmente foram aplicados procedimentos de regressão não-paramétrica para estimar curvas médias de rendimento anual dos trabalhadores. Essas curvas são então utilizadas para estimar a perda de produção para cada indivíduo morto prematuramente, vítima da violência. Incluem-se nessa análise ajustes pela tábua de sobrevivência da população em geral. Estimamos que em 2001, esse custo era de R$ 9,1 bilhões devido aos homicídios, de R$ 5,4 bilhões devido aos acidentes de transporte e de R$ 1,3 bilhão devido aos suicídios. O custo total resultante das mortes por causas externas foi de R$ 20,1 bilhões. Estimamos, ainda, o total de anos de vida perdidas que no total das causas externas foi de 4,96 milhões de anos, sendo 2,15 milhões devido aos homicídios e 1,24 milhão devido aos acidentes de transporte. |