Abstract |
A categoria analítica de gênero é raramente encontrada na pesquisa e na prática da Musicoterapia, estando também ausente nas discussões sobre Musicoterapia e Deficiência. Investigar se as relações de gênero têm influência no tratamento musicoterapêutico com meninas e meninos com deficiência, especialmente em relação ao desenvolvimento da independência, é o objetivo desta pesquisa. Estima-se que as relações de gênero influenciam o desenvolvimento da independência de meninas e meninos com deficiência na Musicoterapia, sendo esta, menos relacionada às meninas, e menos ainda, às meninas com deficiência. Serão investigadas as expectativas de gênero em relação à meninas e meninos com deficiência em tratamento musicoterapêutico, através de uma pesquisa de campo, com base no preenchimento de questionários por pais/mães e musicoterapeutas de crianças e adolescentes com deficiência. A pesquisa será qualitativa e quantitativa, os dados serão analisados através da análise de conteúdo. Mesmo com uma amostra pequena, os dados foram consistentes e a pesquisa confirmou que as relações de gênero são relevantes na Musicoterapia, que as expectativas de pais/mães e musicoterapeutas são influenciadas pelas relações de gênero, havendo mais expectativas para os meninos que para as meninas, e menos ainda para meninas com deficiência, especialmente em relação à independência, confirmando que desigualdades e discriminações de gênero são frequentemente praticadas e multiplicadas com a deficiência, mesmo que imperceptíveis ou pouco perceptíveis por musicoterapeutas e pais/mães de meninas e meninos com deficiência. Assim, foi construído um suporte teórico teológico que oferece contribuições teórico e práticas para a construção de relações mais equitativas e justas dentro da Musicoterapia, desconstruindo gênero e deficiência. A Teologia, dentro de uma perspectiva analítica de gênero e feminista, contribui para uma Ética Teológica da Independência na Musicoterapia, que salienta a dignidade e o direito por vida independente de crianças e adolescentes com deficiência, buscando equidade e justiça, o máximo do potencial e do desenvolvimento, para que se tornem adultos/as de sucesso e com independência. São oferecidas contribuições assim para musicoterapeutas, que repensem suas práticas para evitar desigualdades e promover uma maior humanização das/os pacientes. |